Imagine seu chefe chegar para você e dizer: “Iniciaremos o maior e mais importante projeto da história desta empresa, e escolhi você para tocar tudo sozinho. Parabéns!”
Você talvez ficaria honrado pela escolha, mas diria a ele que sozinho não dá. Você precisa de gente junto com você para algo tão importante e grandioso.
Criar filhos é este projeto. É o maior e mais importante da história de sua vida. E é muito difícil fazê-lo sozinho. Ainda mais que este tem um agravante: funciona 24/7, sem folgas ou finais de semana. Sem direito a férias.
Puxado né?
E esta pessoa geralmente a tocar sozinha esta empreitada é a mulher. A mãe.
Em nossa cultura, a mulher é penalizada ao realizar seu sonho de ser mãe. Assume o processo praticamente sozinha, abre mão da carreira, de seu autocuidado, de suas relações e suas vontades. Passa muitos anos mergulhada entre o paradoxo da exaustão física e emocional e da realização espiritual por ser mãe.
E ainda, por mais que a mãe se doe, a criança sofrerá sérias consequências pela ausência da figura paterna em seus cuidados.
Todos perdem.
A maternidade só é vivenciada em sua plenitude e de maneira saudável com a presença afetiva do pai.
A paternidade só é vivenciada em sua plenitude e de maneira saudável com a presença afetiva da mãe.
Os filhos só crescem na plenitude, saudáveis, seguros, confiantes, corajosos e gentis na presença íntegra de pai e mãe.
Dá pra fazer diferente? Dá sim. Famílias sobrevivem de qualquer outro jeito. A questão é o caminho. Como passar por este processo? Que tipo de adultos se tornarão as crianças que estão vivendo neste o naquele contexto? O quão saudável física e emocionalmente está sendo a jornada para a mulher?
Na parentalidade, primeira você forma o time, alinha valores e princípios, cria relação de lealdade e confiança, faz os combinados, e depois você pensa em ter filhos. A este time chamamos de casamento.
Filhos não salvam casamentos. Muito pelo contrário. Quando a relação já não vem bem antes, a chegada de uma criança irá abalar as estruturas mais ainda. É mais um conjunto para se administrar, o mais importantes deles. E as divergência se afloram, as discussões se acentuam. Há menos tempo para sentar e conversar calmamente. O entendimento as vezes precisa ser pelo olhar, pela respiração.
A presença paterna começa antes, já no casamento sem filhos. O quanto tempo você dedica para cuidar da relação? Qual frequência você senta para conversar com sua esposa sobre princípios, valores da família? Quanto tempo vocês dedicam para se conectar profundamente? O quanto vocês compartilham do mesmo sonho? Quanto estão alinhados no caminho?
Quando a mulher engravida, o homem precisa engravidar junto. Cumprir todos os rituais junto. Cuidar do embrião junto. Cuidar da esposa de maneira muito próxima e intensa, porque ela está nutrindo o embrião. Tem dias que ela estará indisposta, e você precisa estar lá por ela e pelo seu filho. Precisam dividir os medos e angústias, a incerteza do futuro sobre o parto, amamentação, criação. Juntos!
Gravidez não é doença, mas exige muita energia física e emocional para que seja conduzida com saúde. E engravidar sozinha é pesado demais para a mulher. Com o marido presente, o caminho fica mais pleno.
Quando o filho nasce, tudo isso irá se intensificar. O puerpério é um processo intenso para a mulher. O Pai e marido cuidando da esposa e do filho irá minimizar substancialmente as chances de qualquer processo emocional mais crítico para a mulher. O marido vive o puerpério junto!
E com o filho, nem se fala. Pai e mãe entregues, vivendo intensamente essa jornada.
Tem dias que a mulher não conseguirá dar 100%, então o homem precisa estar próximo para entregar 120%. Tem dias que será ao contrário. E um cobre o outro, um cuida do outro, de modo que a criança esteja recebendo na maioria das vezes a energia completa do casal.
Os papeis de entrelaçam. Pai cuida dos filhos, marido cuida da esposa, que cuida dos filhos. Esposa cuida do marido, que cuida dos filhos e devolve o cuidado com a esposa. Tudo ao mesmo tempo, em sinergia e simbiose.
É uma equipe jogando juntos. Uma orquestra em harmonia. Um instrumento falha, o conjunto não é mais o mesmo. Pode até finalizar o show, mas já será diferente. O impacto não será o mesmo.
Pai, cuide de sua esposa. Cuide de seus filhos. Se conecte, fique próximo, desde antes dos filhos nascerem. Engravide junto, viva o parto e pós parto junto, cuide dos filhos junto.
Valorizem-se, admirem-se, amam-se. A maneira com que os casal trata um ao outra dirá muito sobre a maneira com que seus filhos irão tratar as pessoas pelo mundo. Essa é a maior vitrine para eles.
Pai, entre para o time, definitivamente. O jogo já começou e você ainda pode estar na arquibancada.