Se você ainda não tem filhos, pense na sua rotina hoje. Ou se já tem filhos, pensa na sua rotina antes de tê-los.
Dormir de 6 a 8 horas, fazer exercícios até 6 vezes por semana, trabalhar de 8 a 10 horas por dia, sair para jantar com a esposa e amigos, praticar seus hobbies, ler seus livros, assistir séries e filmes, fazer nada de vez em quando. Médicos, exames, tratamentos, cuidados pessoais. Ufa! A agenda realmente estava cheia, não é mesmo?
Então vocês começam a conversar sobre engravidar.
Já ouvi de tudo.
“Minha vida não vai mudar só por causa de crianças. Vejo meus amigos virando refém de filhos, Deus me livre…”
“O dinheiro da babá já está reservado., vai ser 24/7.”
“A criança tem que acostumar com a vida real. Vou levá-la para todos os lugares, ela seguirá o ritmo da família.”
“Minha esposa vai abrir mão do trabalho por enquanto. Preciso colocar dinheiro em casa.”
Não preciso dizer que são frases reais, né? Futuros papais, que já estão se descomprometendo se sua paternidade antes mesmo dela iniciar. Triste realidade.
Eu entendo este modus operandis. Geralmente é uma réplica da geração anterior, de como este futuro papai foi criado, de tudo que ele ouviu e viveu com seus próprios pais. E isso fica no inconsciente, no conjunto de crenças, e se revela em forma de comportamentos e escolhas no presente.
Entendo, mas não concordo. E aqui estamos para tentar expandir esta perspectiva sobre a mudança que a chegada de um filho PRECISA fazer na sua vida como pai.
Se você adquiri um hobbie novo, como tocar um instrumento. Você vai encontrar um tempo na sua agenda para aprender, explorar, cuidar do instrumento, certo?
Se você traça um objetivo de saúde, vai adequar seus hábitos para persegui-lo, certo? Quer emagrecer? Vai ter que dedicar tempo buscando opções naturais de alimentação, fazendo a próprio comida, aumentar a frequência de exercícios, marcar consultas com profissionais da área.
E sua meta de livros para ler? Nunca foi tão perseguida. Você dedica tempo para ler dezenas de livros todos os anos.
Adotou um pet? Ele toma parte do seu tempo, certo? Passear, alimentar, cuidar, levar ao veterinário, brincar.
Agora, você vai ter um FILHO. Uma ser humano novo na sua casa, originado de seu próprio material genético. E você vai dizer que sua vida vai ser manter a mesma?
Vai mudar, você querendo o não. E vai mudar muito. Precisa mudar.
Chegará ao mundo seu maior legado. Sua maior chance de deixar um impacto positivo. Um ser humano que dependerá de você por muito tempo, e quando não depender mais, precisará de você.
Você sentirá emoções novas, transcendentes. Coisas que jamais vai sentir.
Você terá vontade de se tornar uma pessoa melhor, sem ninguém te pedir.
Abrir espaço na sua vida para a chegada de um filho é abrir espaço para a evolução, para o amor, para a generosidade.
É muito mais transformador para você e para sua família do que qualquer hobbie, livro, viagem, ou qualquer coisa que tome seu tempo.
Você não tem controle, mas tem muita influência de que tipo de ser humano seu filho se tornará e como ele impactará o mundo ao seu redor. E a maior parte desta influência está na sua escolhe de se entregar a paternidade, de verdade.
Pai, quando decidir começar esta jornada, abra tempo na sua agenda. Bem antes de seu filho nascer, quando vocês começarem a pensar sobre o tema, abra tempo na sua agenda.
O que você vai deixar de fazer? O que vai fazer com menos frequência? O que poderá contar com rede de apoio? O que você pode fazer diferente?
Como vai redesenhar totalmente sua rotina, hábitos, agenda para abrir espaço significativo para seu filho?
Isso é colocar a paternidade no centro. Primeiro a paternidade, depois o restante.
Agora, a palavra EQULÍBRIO será mais importante do que nunca.
Equilíbrio entre não se cuidar e só pensar em você mesmo.
Equilíbrio entre ser um pai ausente e ser um pai em tempo integral.
Equilíbrio entre trabalhar 60 horas por semana e sair do trabalho.
Equilíbrio entre ter muitos hobbies e ignorar o “Eu”.
A virtude é o centro entre dois vícios, como disse Aristóteles.
Um filho lhe demandará um novo equilíbrio de vida, longe dos extremos, caminhos do meio.
Eu fazia exercícios 6 vezes por semana, hoje tento observar e entregar o que meu corpo precisa.
Eu lia 20 livros por ano, hoje eu tento aprender de diversas outras formas possíveis.
Eu trabalhava 50 horas por semana, hoje trabalho 20.
Eu não tinha rituais de autoconhecimento e reflexão diária. Hoje dedico 30 minutos por dia para diário e meditação.
Eu saia para jantar com minha esposa várias vezes por semana, hoje fazemos nosso ritual em casa.
Nós viajávamos para o exterior 2 ou 3 vezes por ano. Agora estamos esperando o Téo crescer para não colocá-lo em risco.
Nós assistíamos filmes e séries algumas vezes por semana. Hoje não temos TV em casa.
Com 2 filhos, esse foi meu novo equilíbrio. Poderia listar aqui algumas dezenas de adaptações de rotinas e rituais, todas colocando a paternidade no centro.
Eu não deixei de fazer o que é importante para me manter são, saudável e equilibrado. Apenas buscou um nova ordem para este novo sistema. Experimentando, sentindo, mudando. Nada é fixo. E é muito pessoal, estas escolhas provavelmente não servirão para você. Encontre o seu equilíbrio.
E sim, isso vai mudar. Sempre. As fases de nossos filhos mudam, nossa vida muda junto. É como um dança, onde vamos tentando manter a harmonia e sincronismo. Nem melhor, nem pior, só diferente.
E sempre diferente do que você era antes de ter filhos. E é justamente esta a beleza da coisa.
Abrir espaço na vida e na agenda para uma experiência única e incomparável.
E você? Qual será seu novo equilíbrio de vida e de agenda para se tornar pai?
Já é pai? O que ainda pode ajustar no seu equilíbrio para ser um pai mais presente, ativo e afetivo com seu(s) filho(s)?