Histórias, vivências, experiências.
Alegrias. Tristezas. Traumas.
Êxitos e fracassos.
Tudo faz parte. Nós somos hoje o resultado de nossa história, que influenciou e transformou parte de nossa natureza. Nós somos natureza, história, contexto.
Não somos hoje aquilo que nossos pais idealizaram no passado. Eles nos influenciaram a seguir um caminho, uma religião, uma carreira. Mas e se tivermos seguido nosso próprio caminho? Nunca saberemos.
Fomos nos transformando, na ausência de nossos pais. Mais cedo ou mais tarde, perceberam que não estão no controle. E percebemos que somos livres.
Nossos pais fizeram o melhor que podiam e sabiam. Esse é um entendimento que busco internalizar todos os dias, pois é o significado que escolhi atribuir.
Hoje, temos uma missão: Evolução. Olhar para o passado, aceitar, acolher e ressignificar. E, a partir disso, fazer o melhor que podemos por nossos filhos.
Saber. Nos tempos de hoje, não há como não saber. O conhecimento está na palma da mão de qualquer um. Basta disposição.
Poder. Sendo livres para escolher, nós podemos. E devemos.
Primeira e talvez maior missão: Interrompa o ciclo. Não projete seus traumas no presente e no futuro de seus filhos. Não crie seus filhos com aquilo que não está resolvido dentro de você.
Fácil? De jeito nenhum. Talvez essa seja a missão mais dolorosa da paternidade. Precisamos nos esforçar continuamente, buscar cura, aceitação e ressignificação. Pedir ajuda, compartilhar, dividir.
Quando engravidamos do Davi, não tinha esse nível de consciência. Queria construir uma história de pai diferente da que vivi. Mas meus traumas estavam ali, por resolver.
E sigo nessa busca, olhando para dentro, pedindo ajuda e tentando. Identificando e redirecionando. Em um processo contínuo de cura.
E mesmo acessando essa consciência, será nossa história.
Aqui vem a segunda missão: Permitir que nossos filhos criem suas próprias histórias.
Eles não serão o que queremos que sejam. E que bom! Não terão nossa profissão, não serão isentos de sofrimento. As escolhas deles são deles.
Davi adora motos. Quanto mais barulhenta, mais gosta. Não é minha praia, mas é a dele. Levo-o à loja de motos, ele faz barulho na bicicleta como se fosse uma!
“E se ele quiser ter moto? É perigoso!” Nossos traumas, não os dele.
Não temos controle.
Nós pais não temos posse de nossos filhos. Somos facilitadores. Guiamos ao lado, nem puxando nem empurrando.
Permitiremos o risco e o sofrimento. Eles precisam viver suas angústias, frustrações e perdas. Estaremos ali, acolhendo e apoiando. Eles saberão que sempre terão com quem contar.
Permita escolhas. Eles são capazes. Deixe-os escolher, encoraje, apoie, vibre!
Seu filho não pediu pra nascer. Ele não tem responsabilidade sobre suas frustrações do passado. Ele não é igual a você. E que bom!
Nosso maior papel é deixá-lo ter a chance e encorajá-lo a ser ele mesmo.